data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Renan Mattos (Diário)
Vereador de primeiro mandato, Adelar Vargas (MDB), Bolinha, preside o Legislativo de Santa Maria em 2020, ano de eleição municipal. Formado em Gestão Pública e ex-secretário de Ação Comunitária do governo Cezar Schirmer (MDB), o emedebista conversou com o Diário sobre as prioridades de sua gestão, a condução da Casa em ano eleitoral, já que é oposição ao Executivo, e os resquícios dos rompimentos de acordo para a eleição da Casa. Ele falou, ainda, sobre o futuro da obra da nova sede do Legislativo, paralisada desde 2013, defendendo o repasse do prédio à prefeitura para sua conclusão. Confira os principais trechos da entrevista do novo presidente da Casa:
Diário de Santa Maria - Quais as prioridades de sua gestão no Legislativo de Santa Maria?
Adelar Vargas, Bolinha - É um desafio, porque a Câmara de Vereadores é a caixa de ressonância do povo. Ali, tu ouves reinvindicações e pedidos de toda a cidade. Temos vários projetos que acho importantes, como questões de meio ambiente. Santa Maria é uma cidade que cresce cada vez mais, são mais de 300 mil habitantes e não tem, hoje, uma política séria sobre isso. Como fazer o sistema correto de recolher o lixo?
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Tem muitos arroios e há muitas casas alagadas porque não houve uma preocupação da prefeitura em relação a isso. Essa é minha preocupação. Outra questão é a habitação. Temos 12 mil pessoas inscritas na Superintendência de Habitação e e que não conseguem uma casa. Por três anos, não foi construída nenhuma casa. Foi feita a questão das matrículas para várias comunidades, mas não houve uma preocupação de construir casa para as pessoas que não têm. Hoje, qualquer casinha é R$ 500 (aluguel). Como tu vais pagar o aluguel, água, luz, internet, rancho? A pessoa não consegue viver com um salário mínimo. A comunidade precisa de mais casas, loteamentos populares. Eles recorrem aos vereadores, mas não é competência nossa. É competência do município ajudar essas famílias. Também tem a questão da mobilidade urbana. No paradão da Rio Branco, por exemplo, não tem acesso para cadeirantes. Vamos fazer uma comissão nesse sentido.
A questão da segurança, do emprego. Santa Maria cresce assustadoramente e não tem um mecanismo para absorver. Tu vais em uma vila e a maioria das pessoas está em casa, porque elas não têm acesso ao trabalho. Temos que pensar no desenvolvimento da cidade. É um desafio. Queremos construir uma cidade pensando no futuro.
Diário - Os rompimentos de acordos o comando da Câmara têm acirrado o clima entre oposição e situação. O senhor mesmo era para ter sido presidente em 2019, caso o acordo fosse cumprido. Essas questões não podem prejudicar o Legislativo?
Adelar - Isso é um acordo administrativo. Acredito que não vai atrapalhar. Os vereadores não farão esse tipo de artimanha, porque, hoje em dia, faz parte da democracia. Cada um tem seus pensamentos e suas linhas. Porém, o mais importante é nós construirmos uma Santa Maria melhor. Deixar esses ranços. Isso não vai construir nada. Santa Maria está precisando dos vereadores. Muitas vezes, as pessoas falam que nós não trabalhamos, mas todos trabalham. Temos que ter novos projetos, novas ações. A questão dos animais - Santa Maria tem mais de 6 mil animais abandonados nas ruas. Precisamos ter um projeto em relação a isso. Recebo mais de 20, 30 chamados por dia. As pessoas não têm para quem pedir socorro.
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Diário - Este ano é de eleição municipal, fator que tende a aumentar as disputas. Isso não pode comprometer votações importantes para a cidade?
Adelar - De maneira nenhuma. Todos os projetos que foram para a Câmara foram aprovados. Gosto de olhar os projetos, estudar os projetos. Vamos falar antes com o prefeito para que não haja esse tipo de cobrança dos vereadores. Alguns vão ir em fevereiro e vamos colocar na pauta para que possam ser aprovados. Então, os projetos vêm para a Câmara, vamos estudá-los e de maneira mais rápida vamos tentar aprová-los.
Diário - Paralisada desde 2013, a obra da nova sede da Câmara caminha para virar um elefante branco. Vai dar continuidade à obra ou acha que não deve se investir mais recursos públicos?
Adelar - Na última quinta-feira, houve uma reunião com a Dr. Cida e ela me falou que a licitação deu deserta. Junto com isso, ela mandou um documento para o prefeito pedindo informações e também perguntando se ele aceitava a obra para o município. A Dr. Cida (ex-presidente alegou que o Ipassp (Instituto de Previdência e Assistência à Saúde dos Servidores Públicos Municipais de Santa Maria) está procurando um lugar. Ali, poderia ser feito. Por exemplo, a Secretaria de Educação, Mobilidade Urbana, Ipassp pagam aluguel. Várias secretarias poderiam se utilizar daquele prédio. Seria importante. Esse é um documento que foi para o prefeito. Ainda não houve uma resposta do prefeito em relação a essa questão. A minha vontade é que seja devolvido para a prefeitura. Acho que o Legislativo não tem todo o dinheiro (para continuar a obra). Além disso, lugar de vereador é na rua. Estamos reformando o prédio, fazendo a questão dos telhados, dos banheiros, o PPCI que está sendo realizado. Queremos reformar a fachada da frente da Casa. Enfim, tem várias coisas. Acredito que não precisaria ter o outro prédio para os vereadores.
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Diário - A gestão da vereadora Cida Brizola (Progressistas), Drª Cida, chegou a encaminhar algumas melhorias no atual prédio da Câmara. Então, será dada continuidade a essas melhorias?
Adelar - Nós temos que continuar esse trabalho para que haja segurança para as pessoas que vão lá e para os funcionários. Estamos procurando fazer a digitalização também para economizar papel. E também a questão do pregão eletrônico, que vai diferenciar o trabalho e agilizar a questão das licitações. Estamos envolvidos para que haja modernidade na Câmara e que todos possam trabalhar com segurança. Eu acredito que a obra do novo prédio não é importante para os vereadores.
Diário - A Câmara gastou bastante em 2019 com diárias - vereadores foram mais de uma vez em Brasília e foram inúmeras viagens a Porto Alegre -, tanto que, por mais de uma vez, foi preciso tirar recursos de outras rubricas do orçamento para esse tipo de despesa. O senhor pretende adotar medidas para reduzir esses gastos?
Adelar - Eu vou tentar pautar para que não haja troca de rubrica, mas acho importante o vereador viajar. Eu mesmo consegui R$ 600 mil para a Casa de Saúde. Fomos lá e conseguimos essas emendas. Se tu não estás lá (Brasília), batendo na porta, nada acontece. Mas, com certeza, temos que ver essa situação. A gente conversando podemos ver isso e pautar menos viagens da Câmara neste ano de 2020.